Em processo sinodal, a Igreja procura para manter vivo o dinamismo sinodal e contribuir para este caminhar juntos. Uma das temáticas para o discernimento comunitário dadas pelas Linhas guias para a fase sapiencial do Sínodo, que diz respeito à linguagem e à comunicação. Esta foi, aliás, também uma questão recorrente na consultação dos primeiros dois anos do caminho sinodal. E não há dúvidas de que se trata de um ponto crucial em vista da conversão sinodal a que somos chamados como Igreja, uma vez que caminhar juntos implica uma rede de relações gerada por um processo comunicativo fecundo, no qual o Espírito Santo é protagonista.
A questão não se limita às formas e às linguagens da comunicação, mas toca os fundamentos do ser Igreja que, no plano da história, é o fruto da autocomunicação de Deus em Cristo à humanidade e da partilha desta na comum profissão de fé em Cristo, que é Senhor e Salvador. Este processo comunicativo tem sido constantemente posto à prova tanto pelo contexto como pela historicidade na vida dos crentes.
E é exatamente por isso que se pode abrir um espaço propício de discernimento, em vista ao reconhecimento dos passos necessários para que a comunicação do Evangelho resista ao impacto da complexidade dos tempos atuais. A partir desta perspetiva o ponto não é tanto encontrar as linguagens mais eficazes, mas entrar num novo paradigma. E isto só será possível se voltarmos a frequentar o “pátio” dos contextos culturais comuns, já não exclusivamente dominado por uma visão religiosa da vida, mas sempre um lugar onde as grandes questões do ser humano se continuam a colocar.
A conversão a um estilo sinodal, neste sentido, pede à Igreja para se empenhar numa fraternidade cultural, feita de escuta e partilha, não condicionada por tentativas apologéticas, mas expressão autêntica de uma procura partilhada por um novo discurso cristão que se deixe realmente interrogar pelo contexto contemporâneo. No fundo, o rosto da Igreja sinodal é também expressão da sua extroversão, isto é, daquele caminhar dos cristãos em comunhão com Cristo, na construção do Reino, juntamente com toda a humanidade.
Fundamental torna-se a relação da Igreja com as gerações jovens, muitas vezes etiquetadas como sendo indiferentes, desafeiçoadas, superficiais, mas que nas suas desilusões está propriamente uma busca de sentido. Também aqui o estilo sinodal da Igreja passa por aprender a acolher as suas verdadeiras perguntas, muitas vezes incómodas, escolhendo de caminhar com eles numa escuta renovada do Evangelho. Esta reflexão conduz-nos a questões de linguagem e ao seu uso nos processos de comunicação da fé. Neste sentido, inspirador continua a ser o n. 27 da Evangelii Gaudium: «Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo actual que à auto-preservação. A reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de “saída” e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade.